19 de dezembro de 2024
Muita gente não gosta de ficar 1 ano mais velho. E quase o mundo inteiro detesta envelhecer. Nem mesmo “velho gosta de velho”, já notou? Sei que soa agressivo, mas é a verdade. Sabe porquê? Porque o que é eterno como a alma, jamais envelhece. E no fundo no fundo, somos uma alma e temos um corpo (este é o significado de “ser humano”).
É por isso que quando olhamos no espelho, quase sempre nos surpreendemos por nos sentirmos mais bonitos do que realmente estamos vendo refletido. E arrumamos o cabelo, passamos a mão no rosto, conferimos os dentes querendo que tudo esteja no lugar certo.
Daí quando se trata de ficar mais velho hmmmmm… vai depender muito de que época é esta.
As crianças adoram fazer aniversário. Os adolescentes sonham com a maioridade e as chaves do carro. Os adultos costumam passar bem por esta data, afinal de contas, a vida é assim mesmo! Mas quando inauguramos a casa dos “enta”, a cantiga muda…
Enta! Quarenta, Cinquenta! Daí pra frente a coisa só aumenta. Vixi! Nada mais combina com vinte, trinta… só vai soar diferente novamente quando chegar aos cem…
Aos cem? Meu Deus… volta!
Vamos refletir melhor: não precisamos temer a idade longeva! Só precisamos viver bem esta, na qual estamos. As demais virão em um movimento saudável e natural.
A coisa mais interessante que compreendi sobre isso foi perceber que os centenários são muito orgulhosos da idade que têm e adoram comemorar aniversário.
Demonstram raciocinar que já passaram por várias fases inclusive “aquela do medo da morte”e continuam vivinhos! Parece que isso dá um efeito de coragem que ainda nem sei como chamar. A partir dos cem iniciam um diálogo do tipo: “agora vivo por conta do Chamado de Deus”, com uma face tão boa que até eu me sinto encorajada!
É um marco histórico aqueles que hoje chegam aos cem, pois nunca tivemos tantos centenários assim. E eles estão nos dando muitas oportunidades para aprender sobre o envelhecimento saudável. Afinal de contas só chega aos cem quem se mantém por muito tempo saudável, certo? E são muitos de nós os candidatos para tal feito. Nada melhor do que nos preparar. Lapidar o envelhecer, enquanto é tempo.
Por volta dos 80 anos muitas pessoas sentem-se inseguras quanto ao futuro (ou páram de pensar nele). Mas não há como viver escondendo o futuro. Muito menos viver bem, temendo o futuro. Não tem como! Creio que isso acontece pelo medo de morrer que todos nós temos. Sabe porquê? Porque a alma, além de jovial, também é bela e eterna. Mas nos esquecemos disso quando vemos nosso corpo se modificando tanto, tanto…
A questão é que dos 80 pra frente parece que vamos concluindo nosso amadurecimento “sobre a vida e o viver”. E se a vida continua generosa vamos nos satisfazendo, finalmente, com a vida que temos! Completando coisas que faltam, perdoando e aceitando tudo, queixando menos, reclamando menos. Interessante… não vejo os centenários reclamarem. Sinto que reclamar é algo que nem combina com eles.
Acabo de criar uma hipótese: quem vive reclamando vive menos. Será? Creio que sim pois reclamação é sinal de autoestima baixa e quem tem autoestima baixa não se cuida! Quem não se cuida… de fato vive menos!
Sendo assim… fazer aniversário vai ficando cada vez mais difícil. Até que a pessoa perde o gosto pela celebração da marca fantástica de seu nascimento que ficou “láááá trás”, enquanto você se mantém arrastando histórias!
Mas tudo muda quando sinto que a vida se parece com a costura de uma maravilhosa colcha de retalhos ou o cuidado de uma maravilhosa e extensa lavoura. Existem nós e erros enquanto tecendo. Existem pragas e seca enquanto plantando. É isso tudo que se celebra a cada marca de 1 ano.
A verdadeira celebração está nas inúmeras “super-ações”, nas inúmeras pequenas vitórias, na fortaleza de tolerância que foi construída, no vasilhame cheio de gratidão que foi preenchido!
Assim concluo seguramente: vale mais celebrar 100 anos do que 1, 10, 15 anos. Cada vez com mais idade, mais vitórias.
Parabéns a todos aqueles bem mais velhos do que eu, pois viver longevamente é um ato de coragem e pra quem chega, é a maior conquista de todas: a conquista de uma vida completa, onde se encontra o sentido de seu aniversário.
– –
Fonte: Terceira Idade