19 de dezembro de 2024
Quase três décadas depois da erradicação da pólio no Brasil (a marca foi reconhecida em 1994 pela OMS (Organização Mundial da Saúde), epidemiologistas temem que a baixa vacinação das crianças traga o vírus e a paralisia infantil de volta. Uma reportagem da revista Carta Capital publicada no final de 2022, trouxe informações exclusivas a respeito de um mapeamento feito por nove pesquisadores das universidades públicas do Ceará, Maranhão, Pernambuco, Santa Catarina e São Paulo.
Para mensurar a gravidade do problema, eles avaliaram o andamento da vacinação contra a poliomelite no Brasil entre 2011 a 2021. O estudo mostrou que a cobertura vacinal atingiu o menor patamar em dez anos. Segundo a pesquisa, nenhuma região do país ficou próxima de alcançar 100% de imunização no último ano — o extremo oposto ao observado em 2011.
“A maior preocupação é a volta da paralisia infantil, por causa da reintrodução do vírus da poliomielite, que continua circulando em outros países e pode chegar até aqui”, afirmou o editor-chefe da Revista Ciência & Saúde Coletiva, Antônio Augusto, na matéria da Carta Capital. Neste ano, os Estados Unidos registraram seu primeiro caso de pólio desde 2013. Pela falta de vacinação, um jovem adulto sofreu paralisia.
Em fevereiro, o Malawi, país africano, declarou um surto de poliomielite selvagem — que não tinha registro há cinco anos. Mesmo investindo em reforço nas campanhas de imunização nacional, o índice da população-alvo vacinada não alcançou os 90%, que é o mínimo recomendado pelo Ministério da Saúde para que exista a proteção coletiva.
“Há uma diminuição da percepção de que a poliomielite é um problema. Nós não vemos mais, faz muitos anos que as gerações não sabem, então parece que não existe mais o problema”, explicou a pesquisadora Maria Rita Donalisio, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).